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Rípio

O rípio é a palavra que, no verso, entra só para lhe completar a medida... sentido figurado, claro! Na real é a pedra do chão. O asfalto mais que natural. Cascalho. Pedra miúda quem enche os vãos deixados pelas maiores. Bora então atrás do rípio da estrada de lá para, quem sabe, ocupar os espaços que a vida daqui não consegue preencher...

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Dias 6 e 7 - Salta e muita gente boa

Saímos de Pampa de los Guanacos animados. Já não chovia e a distância de 477 km entre a cidade e Salta seria muito tranquila. 

Como Salta é uma cidade maior e está no pé da Cordilheira dos Andes, este seria nosso refúgio para, no dia seguinte, fazer a travessia das montanhas. 

Salta está grudada na cordilheira. É ponto estratégico para quem quer cruzar a Cordilheira rumo a San Pedro de Atacama

Vinte e sete kilometros rodados e nova morte da DR. Rebocar até Salta nem pensar. 

Mas como a sorte nos acompanhou desde o começo desta viagem... Eis que um grupo indo para o Atacama aparece. Duas motos, uma Van enorme e uma picape.

Gente de Blumenau que não pensou duas vezes. Pararam e diante da situação, a sugestão: subir a moto para a  picape e nos levar ao posto de gasolina no trevo que leva a Sala ou a San Antonio de Jujuy. Este o destino da trupe. 



Incrível o que esse pessoal fez por nós e por nossa viagem. Por conta dessa ajuda, nosso plano de chegar a Salta estava completo. 

Antes de chegar ao posto e nos despedirmos desse grupo maravilhoso, uma parada para almoçar! Mais amigos  feitos, mais experiências trocadas. Quem pode reclamar disso?!

Do posto até Salta, só 40 km. Fichinha!
A Drica pegou... Só não podia rodar rápido. Chegamos a Salta já de noite e encontramos um excelente custo-benefício no Hotel Alto Parque (Rua San Martin, 260 -www.hotelaltoparque.com.ar)




Salta é a Capital da Provincia de Salta. Cidade muito agradável e um ótimo pontonas partida para a subida da Cordilheira dos Andes. 

Hotel simples e muito bom em Salta. Enfim um refúgio e um fôlego para recomeçar. 
 
Decidimos que ficaríamos em Salta no domingo, dia seguinte... Até que o Zé Roela do Água conseguisse novo anjo da guarda para resolver a questão da moto. 

E ele estava lá. No mesmo fórum das DRs recebeu a indicação de um dono de DR também e foi com ele que conseguiu novo mecânico. Na segunda-feira ele ficaria para resolver o problema. Eu e Quaixão partiríamos, enfim, para San Pedro de Atacama. 

Em Salta, comprei nova bota e agora estava feliz!

Domingo de caminhadas e descobertas. Eis a Virgem do Queixao.  Virgem de Lujan. 

Descobrimos uma pequena pérola na Rua General Güemes, 118. Tasca Mama Paca. Um pequeno restaurante espanhol muito simpático. Caldeirada de coelho para mim e para o Zé. Paella Valenciana para o Queixão. E vinho, óbvio!




Vino... Siempre!

Caldeirada de 'conejo'. Excepcional. 

Queixão feliz depois de uma generosa Paella Valenciana. 

E o Zé... Aliviado por ter mecânico de DR em Salta. 

Na segunda a brincadeira ficaria séria. 
Atravessar a Cordilheira dos Andes. Sair de 2500 e chegar a 5000 m de altitude. 
Coração a mil. Dormir!? Quem precisa dormir?

 

Dia 5 - Tudo em um só dia

O dia começou cinza. No clima e no anúncio de um dia bem difícil. 
Saímos cedo de Resistência debaixo de chuva e assim foi por boa parte da rota 12. 
Não chuvinha. Pé d'água de respeito. 

Velocidade comprometida... Muito caminhões na pista de de mão única. Trajeto difícil. 
Logos na primeira parada para reabastecer as motos, cerca de 150 km pra frente, meu alforje direito resolve abrir, provavelmente em algum buraco da pista... 

Fomos dar conta do fato, 70 km depois. Prejuízo: duas câmaras de pneu reserva, o forro de frio da minha calça de viagem, um rolo de corda e um pé da minha bota de trekking. 
Mesmo voltando até o posto, nada. Perda de viagem e nada para reclamar. Vamos tocando.

Esperando os dois que voltaram para procurar as coisas do maleiro. Não havia porque mais uma moto esvaziar o tanque na tarefa. 


Ao longo de toda rota, muitos desses altares à beira da pista... com imagens e inscrições 

Nessa de voltar pra procurar as coisas, os primeiros tombos: Queixo resolve entrar no acostamento como vaca brava e... Dois tombos em sequência. Queixão ileso fisicamente. Já o moral...
 E aí!? Quer levantar uma GS 1200 no muque? 

Nem tanto pelos dois tombos, mas a chuva que pegamos deixou a BMW do Queixo da cor verdadeira de uma grande viagem

Somando a chuva que não parava e o tempo perdido atrás das coisas perdidas conseguimos chegar a Pampa de los Guanacos, um pequeno vilarejo perdido no meio da Rota 12, cerca de 350 km até Salta. 

A questão aí não foi o tempo perdido, mas a moto do Água novamente. Algo no miolo da chave fazia a moto apagar do nada. 
Nada a fazer senão rebocar a moto. Missão para a BMW tanque de guerra. 


Corda e muita paciência para rebocar a DR por 27 km a 20 por hora!

Moto desmontada no posto até escurecer e nada. A está altura já havíamos localizado um hotelzinho tranquilo no meio das ruas enlameadas da cidadela. 

Restava arrastar a moto desfalecida. E nessa, terceiro tombo do mestre da lama!!! Esse foi dos bons... Com direito a ver a GS girando no chão. Novamente Queixão sem lesões... Engraçadíssimo se odiando... 

Aí começou mais um daqueles momentos em que a gente se pergunta se tudo é mesmo por acaso. Precisando entender a combinação maluca de fios da ignição da Drica... O Zé manda uma mensagem para o fórum de DR 800 na internet. Antes do jantar já tinha em mãos um mapa de todo o sistema elétrico da moto. Em alemão. Aí foi só pedir ajuda ao meu amigo Michel Rochat.... E bingoooo. Renascida. Moral lá em cima. 


O par de fios que deu nova vida à Drica... E renovou nosso animo pro dia seguinte!

Felizes... Comendo 'Polo con papas fritas'... Fomos dormir com a certeza de chegar em Salta enfim... Sem contratempos....
Só que não. 

Dia 4 - Viva las Américas

Galera, vou fazer o seguinte, já que a empolgação me fez atrasar muito nossos relatos da viagem: vou retomar a cronologia desde o dia 4, ainda na argentina e tentar trazer tudo até o dia de hoje. Ou não. 

No quarto dia de viagem rodamos 663 km. 
Saindo de Porto Iguaçu, cidade que fica logo depois de cruzarmos a Aduana argentina, passamos por Posadas e entramos em Corrientes. 

Não ficamos muito em Porto Iguaçu... Só passagem mesmo

Paramos para um almoço tranquilo em Posadas... Restaurante de chinês que faz churrasco argentino. 
Um cochilo no banco da praça e café feito na cafeteira italiana do Zé. 



Paradinha providencial para um café na praça de Posadas, um cochilo e algumas fotos. 

Saindo de Posadas e ao entrar no viaduto que leva até a cidade de Resistência, comando de polícia...
Típico e muito semelhante aos relatos de tantos outros viajantes. Não houve nem uma palavra dissimulada.... Direto ao ponto. . 

"Precisamos reformar o poste de polícia e vocês devem contribuir". A multa por sabe-se lá o que o pilantra inventou seria de 800 pesos por moto. 

Quanto então? Duzentos por moto. Saímos de lá com 100 pesos a menos por moto e a certeza de que nossa América "Latrina" vai pastar muito ainda até conseguir mudar a cultura de seu povo. 

Não há fotos disso... Não se pensa em nada nessas horas. 

Rumo ao oeste do país, a Rota 12 é a famosa pista reta toda vida. Não se vê seu fim!!!
Sol no rosto o tempo todo e muita área rural. De tão constante chega à monotonia. 


A imensidão da rota 12 que cruza a Argentina de leste a oeste

Em Resistência, já às escuras e começando a chover... Muita dificuldade para encontrar um hotel com garagem para as motos. 

Depois de um dia puxado, um delicioso miojo feito no quarto mesmo... Em fogareiro dos bons!

Com o ripio já no breu, o plano para o dia seguinte: Salta, ao pé da Cordilheira dos Andes. 
Só que não. 

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Geyseres del Tatio

Pessoal... A correria aqui está intensa!!

Vou atualizando o blog devagar e vou tentar retomar a cronologia!!

Não poderia passar em branco já que amanhã é aniversário da dona Darci, minha Mamy!!!! E eu a 2500km de distância!!!

Não poderia deixar de citar os Geyseres agora. Saindo as quatro da manhã e uma hora de Van até 4300 m de altitude. Oito graus abaixo e a água ferve debaixo das terras da cordilheira... Explodindo em jatos que congelam ao encontrar o freezer da madrugada. 

Foto: difícil fotografar neste horário.... Frio que congelou a água do Camelback

Bem próximo, piscinas com água a cerca de 30 graus convida alguns maluhos a mergulhar

Acha q estava frio?

No caminho de volta, já com o sol forte... As paisagens, como em cada canto aqui, nos fazem pensar nos ancestrais que por aqui viveram sob condições inóspitas... Sobre que tamanho temos realmente diante de uma natureza tão poderosa. 

Uma pequena raposa do deserto vista através do vidro da Van... Não deu pra conseguir mais. 

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Travessia da cordilheira

Galera, hoje é o dia punk da brincadeira. 

Estamos saindo de Salta, ao pé da Cordilheira dos Andes, rumo a São Padro de Atacama. Saindo agora, 6h20, previsão para chagar por volta das 15h30. Ou mais, porque as paradas para fotografias serão muitas. 

Vamos almoçar no caminho... Provavelmente um miojo da beira da estrada. 

Salta está a cerca de 1700 m de altitude... Vamos até os 5500 m. O ar rarefeito faz a minha nega carburada sofrer bastante. Temperatura prevista lá em cima perto dos 2 graus. 

Gasolina reserva, água e fotografias
Prometo atualizar o blog de lá. 

Que venha, Atacama!

sábado, 12 de abril de 2014

Onde estamos

Saindo agora de Pampa de los Guanacos.... Vilarejo na Argentina. Rumo ao oeste... Torcendo pra chegar em Pumamarca.

Foto: saindo de São Paulo, rodamos até aqui, Pampa de los Guanacos, 2.020 km. Estamos com dois dias de atraso pelos planos. Mudamos a rota e, se tudo der certo, ganhamos um dia.

Passaremos pela cidade de San Salvador de Jujuy... A última cidade antes de entrar de vez na cordilheira. 

La vou tentar comprar minhas botas perdidas na estrada. 

Em breve eu conto os fatos!!! Rsrs.  

Tempo estável, frio, nublado, mas sem sinais de chuva! O que já é uma dádiva. 

Foto: eis o que nos falta até San Pedro de Atacama... 975 km. 
Que venha Atacama. 

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Dia 3 - Visita inesperada

200km rodados
Dia seguinte... Um hora perdida logo cedo... Procurando minha carteira que estava, adivinhe... No meu bolso. Sem comentários. 

Dependíamos do gps do queixo porque o meu e o do água deixaram este mundo. 

Quando montava sua moto... Tummm. O bichinho despenca e se espatifa. 
Restou desviar as famigeradas ruas de eletrônicos no Paragiai. 

Sobre esse local...nada a dizer. Compramos depois de muita difículdade... E voltamos voando para o Brasil. Destino: Argentina. 

Já anoitecia quando chegamos a Porto Iguaçu. 


Foto: com tão pouca kilometragem rodada e sem muita alternativa, restou comer bem, experimentar a deliciosa Leger vermelhona Patagônia e beber quatro garrafas de vinho argentino. 
Imagine o sono a partir de então...


Belo jantar de bife de chorizo com vinhos com direito a pérolas do aguinha... Embriagado e com um cachorro de rua no colo:

"Sou exatamente o que eu não quero ser..." 

"Copiar de um só é plajo... Copiar de vários é revisão de literatura". 

E com o Rípio às escuras... Que venha o quarto dia. 



Foto: quase expulsos do restaurante chiquetoso, esta mula do Aguinha resolve pegar um vira lata na rua e ficar com ele no colo...